Belo Horizonte é uma cidade lotada de encantos: desde os sabores incomparáveis da culinária mineira, até o seu equilíbrio entre as paisagens urbanas e naturais. Outra preciosidade são as suas expressões típicas, algumas que se diferenciam até mesmo de outras regiões de Minas Gerais, que dão um sabor singular ao linguajar da capital.
Quer se tornar fluente em belo-horizontês? Reunimos aqui algumas gírias de Beagá, para você “fragar” do sotaque local na próxima vez em que visitar os mares de morros. Fique atento:
Conheça algumas expressões típicas de Belo Horizonte!
1 – “Uai”
Mineiros que são, os belo-horizontinos não abrem mão da marca registrada de seu estado. Um bom “uai” pode demonstrar uma gama de emoções, como surpresa, desagrado, irritação, espanto, dúvida, desconfiança, ou até mesmo admiração. Depende sempre do contexto e entonação do interlocutor.
— Você estudou para a prova?
— Uai, tem prova hoje?
— Tem, uai! O professor avisou há uma semana.
2 – “Arredar”
Outra expressão típica de Minas, muito usada em BH. Significa “chegar para o lado” no português padrão.
Arreda aí, para eu conseguir sentar.
3 – “Cê sa se esse ôns pas na Savas?”
A Savassi é uma das regiões mais agitadas de Belo Horizonte, famosa pelos seus inúmeros bares e restaurantes. Em sua próxima visita a BH, se for visitar a Savassi de transporte público, pergunte a um local: “cê sa se esse ôns pas na Savass?”
Isso porque as pessoas não andam de ônibus em BH, e sim de “ôns”. Então em vez de dizer “você sabe se este ônibus passa pela Savassi?”, para treinar o seu belo-horizontês, é melhor ir direto ao ponto: “cê sa se esse ôns pas na Savass?”
— Com licença, cê sa se esse ôns pas na Savass?
— Ess daí num pass, não. Pega o 4111, que ele pass.
4 – “Estar garrado”
Seja no Anel Rodoviário, voltando para BH após um feriado prolongado, ou na Avenida do Contorno durante o horário de pico, todo morador de Beagá já passou pelo martírio de ficar “garrado” (pronúncia mineira para “agarrado”) no trânsito, vulgo preso em um engarrafamento.
O trânsito hoje tá terrível, fiquei duas horas ‘garrado na Antônio Carlos.
5 – “Logo ali”
Se um belo-horizontino lhe diz que um endereço é logo ali, desconfie: você vai andar um bocado. Isso porque, em BH, essa expressão é utilizada para descrever qualquer distância, não importa o quão estrondosamente grande ela seja.
Ir andando da Praça do Papa até o Parque Municipal? Pertinho, sô. É logo ali…
6 – “Trem”
Para o belo-horizontino, tudo é “trem”. Um celular é um trem. Um livro, um carro, um prédio é um trem. Até o metrô de Belo Horizonte é um trem (literalmente).
Acho a arquitetura do Palácio da Liberdade o trem mais lindo do mundo.
7 – “Cê besta”
“Besta”, no sotaque mineiro, é uma forma carinhosa de dizer bobo. Ao dizer para alguém deixar de ser bobo, portanto, o belo-horizontino diz para ele deixar de ser besta, e para economizar tempo, encurta a expressão para um simples “cê besta”.
— Achei aquele moço bonito, mas estou com vergonha de falar com ele.
— Cê besta!
8 – “Copo-sujo”
A expressão designa bares simples, mais acessíveis, sem grandes firulas.
— Anima sair hoje à noite?
— Uai, minha grana está curta… Só consigo se for copo-sujo.
9 – “Nó!”
É um encurtamento da palavra “nossa”, utilizado para designar surpresa, espanto ou admiração. Outra expressão parecida é “nu”, que tem quase o mesmo uso de “nó”, mas demonstra um pouco mais de surpresa do que a primeira.
— Nó, cê viu que os ingressos para o jogo do Brasil no Mineirão esgotaram em cinco minutos?
— Nu! Tão rápido?
10 – “Sô”
É um pronome de tratamento informal, usado para substituir o nome de alguém. A expressão surgiu como a diminuição de “senhor”, mas hoje em dia, é usada para se referir a homens ou mulheres.
— Cê tá demorando muito, vou embora sem você.
— Calma aí, sô. Me dá cinco minutinhos.
11 – “Zé”
Sinônimo de “mano” ou “véi”, essa é uma das expressões típicas que caíram recentemente no gosto das gerações mais jovens. Assim como “sô”, “zé” se tornou um pronome de gênero neutro. Independentemente se é homem ou mulher, em BH, todo mundo é zé.
Ei, Joana! Tá bonita hoje, zé.
12 – “Viaja ni mim não, sô” (ou “zé”)
Mais uma das expressões típicas de BH, “viaja ni mim não” é a forma mineira de dizer “não viaja em mim”. É sinônimo de “não brinca comigo”, “não me enche”, “não tira onda com a minha cara”.
— Vamos subir no Mirante do Mangabeiras, para ver a vista lá de cima?
— Viaja ni mim não, sô. Cê sabe que eu morro de medo de altura!
13 – “Fragar”
O belo-horizontino não “entende” de algo. Ele “fraga”, expressão que tem como sinônimo entender, saber, conhecer alguém ou alguma coisa.
— Cê fraga aquele filme do Kleber Mendonça Filho, Bacurau?
— Frago demais, é o meu filme preferido.
14 – “Paia”
Festa estranha com gente esquisita? Pois em BH, Eduardo teria dito que a festa foi “paia”. Significa algo ruim, fraco ou sem graça, e também serve para descrever sensações. Quando você sente o corpo mole ou indisposto, por exemplo.
Nó, bebi demais ontem na festa e hoje acordei paia.
15 – “Tem base”
Se algo tem base, ele tem sentido, tem fundamento. Se não tem, portanto, saiba que o belo-horizontino está indignado com a situação.
Pedi um pão de queijo com cafézinho no Aeroporto de Confins, me custou vinte reais! Não tem base um trem desse, não.
16 – “Gastura”
Sabe a sensação desconfortável de arranhar as unhas no papel? Em muitos estados isso gera agonia, aqui em BH, “dá gastura”. Isso porque, para nós, esse desconforto difícil de ser explicado é chamado de “gastura”.
Nó zé, sensação esquisita! Me deu até gastura!
17 – “Sem brava”
Essa é outra das expressões típicas da nova geração, muito dita pelos jovens e MCs belo-horizontinos. É usado para enfatizar ou confirmar algo, podendo funcionar como sinônimo de “sem mentira”, “sem brincadeira”.
Sem brava, eu achei que o filme ia ser péssimo mas no fim até curti.