Em 125 anos de existência, Belo Horizonte foi o berço para diversos artistas de renome na cena brasileira. Milton Nascimento e Lô Borges, por exemplo, eram vizinhos e mais tarde criaram o Clube da Esquina. Já a banda Skank, que hoje se configura como um sucesso nacional, começou a carreira se apresentando na noite belo-horizontina.
Muitos desses artistas imortalizaram BH em sua obra. Conheça agora algumas músicas que falam sobre Belo Horizonte, em homenagem à sua cidade do coração!
“Lindo Lago do Amor” (MPB, 1984) – Gonzaguinha
Filho do rei do Baião, Gonzaguinha nasceu no Rio de Janeiro e, na década de 1980, se apaixonou por Lelete, que era belo-horizontina. O relacionamento levou o cantor a se mudar para a capital mineira, onde se instalou com a amada na Pampulha.
Segundo relatos, Gonzaguinha adorava andar de bicicleta pela orla da Lagoa da Pampulha. Àquela época, a água era salubre e fazia da lagoa um grande ponto de lazer para a população. Havia até quem nadasse por lá!
A paixão era tanta que o artista se inspirou na Lagoa da Pampulha para escrever uma canção. Dessa forma, “Lindo Lago do Amor” é um tributo a um dos pontos turísticos mais importantes de BH, assim como uma lembrança dos seus tempos mais preservados.
E bem que viu o bem-te-vi,
A sabiá sabia já.
A lua só olhou pro sol;
A chuva abençoou
O vento diz “ele é feliz”
A águia quis saber
Por que, por que, pourquoi seráO sapo entregou
Ele tomou um banho d’água fresca
No lindo lago do amor
Maravilhosamente clara água
No lindo lago do amor
“Belo Horizonte Que Eu Gosto” (2003, MPB) – Pacifico Mascarenhas
Nascido em 1935, Pacífico Mascarenhas é um dos grandes nomes da bossa-nova brasileira. O compositor nasceu em BH, e durante sua juventude, nos anos 1950, foi um dos membros mais famosos da chamada “Turma da Savassi”.
A Turma da Savassi se caracterizava por um grupo de rapazes “festeiros e briguentos” que, nos anos 1950 e 1960, ficavam pela região fazendo música, invadindo festas e flertando com as meninas locais. Além de Mascarenhas, outras personalidades como Ivo Pitanguy, Hélio Pellegrino e Fernando Sabino também fizeram parte da Turma da Savassi.
Mais tarde, Pacífico Mascarenhas lançou inúmeros sucessos do samba e bossa nova, trilhando uma carreira musical que perdura até hoje. Em 2003, aos 68 anos, ele lançou a canção “Belo Horizonte Que Eu Gosto”, na qual exalta seus sentimentos pela capital mineira.
Belo Horizonte que adoro
Era das noites pelos botequins
Era das festas de serenatas
De flores nos jardinsBelo Horizonte que eu gosto
Era melhor, meu amor também diz
Belo Horizonte que adoro
Todo mundo era feliz
Belo Horizonte que eu gosto
Continua perto de mim
“Ruas da Cidade (part. Lô Borges)” (1978, MPB) – Milton Nascimento
Milton Nascimento nasceu no Rio de Janeiro, mas sua grande paixão era mesmo Minas Gerais. O cantor cresceu em Três Pontas, interior mineiro, e se mudou para BH na juventude. O cantor morou no Edifício Levy, localizado na Avenida Amazonas, 718, no Centro. Lá ele conheceu e fez amizade com outros moradores do prédio que também eram músicos, os irmãos Marilton, Márcio e Lô Borges.
Juntos, os jovens começaram o Clube da Esquina, grupo de artistas musicais que logo mais incluiu novos integrantes. O clube se reunia no tradicional bairro boêmio de Santa Tereza, no encontro das ruas ruas Divinópolis e Paraisópolis. Este era o ponto onde os artistas trocavam acordes e criavam composições que logo mais seriam aclamadas no Brasil inteiro, como “Para Lennon e McCartiney”.
Muitas das canções de Milton falam de Minas Gerais, e também de Beagá em específico. Em “Ruas da Cidade”, por exemplo. Mas em vez de ressaltar as belezas de Belo Horizonte, a letra nos lembra de seu passado doloroso, dos povos indígenas que aqui habitavam e foram dizimados para o estabelecimento da capital.
Tupinambás Aimorés
Todos no chão
A cidade plantou no coração
Tantos nomes de quem morreu
Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial
“Lugar Melhor que BH” (2005, sertanejo) – César Menotti e Fabiano
A seguir, temos outros artistas que não nasceram em Belo Horizonte, mas acabaram se estabelecendo por aqui. César Menotti e Fabiano são irmãos e moraram em diversas cidades durante a infância, porque seu pai era comprador de ouro e se mudava frequentemente pela atividade.
Na juventude, os irmãos vieram parar em BH. Foi aqui onde começaram sua carreira musical, tocando em bares universitários até alcançarem sucesso por entre a cena sertaneja.
Em 2005, César Menotti e Fabiano lançaram a canção “Lugar Melhor que BH”, uma perfeita declaração de amor à capital mineira. Ela se tornou rapidamente conhecida por entre os belo-horizontinos, se tornando um hino não oficial de sua cidade.
Lá no Rio de Janeiro
Conheci tantas belezas
Visitei tantos lugares
De São Paulo à Fortaleza
Conheci o Amazonas
Tocantins e o Pará
Mas confesso não achei
Por onde eu andei
Lugar melhor que BHÉ aqui que eu amo
É aqui que eu quero ficar
Pois não há…
Lugar melhor que BH
“Bello Horizonte” (2022, rap) – Fi Barreto
Felipe de Vilhena Barreto, mais conhecido como “Fi Barreto”, nasceu em 1995 em Belo Horizonte. Iniciou sua carreira musical aos quinze anos, apresentando canções de samba nas noites da capital, até que começou a compor as próprias letras e se aventurar pelo gênero do rap.
Hoje em dia, Fi Barreto traz uma mescla de brasilidades. O cantor caminha por ritmos como MPB, samba, pop e forró, além do próprio rap. Um de seus maiores sucessos é “Bello Horizonte”, um tributo à sua cidade natal.
De todas as músicas que falam sobre Belo Horizonte citadas nesta lista, esta com certeza é a mais atual. Lançada em 2022, “Bello Horizonte” é uma poesia cantada sobre os morros e amores belo-horizontinos, citando várias particularidades de BH. Como “quem nasceu aqui lembra da orientação, de preto e branco Antônio Carlos de azul pela Catalão”, em referência à organização do trânsito ao redor do Mineirão em dias de partida entre Cruzeiro e Atlético Mineiro.
Talvez por minério de ferro correndo na veia
A voz de Milton Nascimento é o que me norteia
Tenho meus sonhos mas não chegam a ser tanta avareza
Só um café quente e um apêzinho ali em Santa Tereza […]
Onde eu nasci, onde eu cresci aqui tá meu papel
Sou dessa terra onde as montanhas namoram o céu
Sou do sotaque que a palavra sai quase com mel
Eu sou de Mercado Central e de Rei do Pastel