
No dia 25 de julho, comemora-se internacionalmente o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data vem para lembrar a força das mulheres pretas na sociedade, trazendo visibilidade aos debates raciais e às lutas e dificuldades enfrentadas por elas.
Mas você sabia que, em Belo Horizonte, nós também temos uma celebração municipal em homenagem às mulheres negras?
No mesmo dia 25 de julho, os belo-horizontinos celebram o Dia Municipal da Mulher Negra “Dona Valdete da Silva Cordeiro”. Ele faz referência a uma importante ativista social e política da cidade, que influenciou (e segue influenciando!) a vida de milhares de belo-horizontinas. Saiba mais a seguir!
Quem foi Dona Valdete da Silva Cordeiro?
Nascida em 1939, na Bahia, Dona Valdete veio para a capital mineira ainda criança. Já adulta, trabalhando no Centro de Atendimento ao Menor do Alto Vera Cruz, ela notou que diversas mulheres — muitas delas negras — saíam do Centro com remédios contra depressão.
Preocupada com o bem-estar delas, Dona Valdete as chamou para uma roda de conversa informal, para entender as suas dores e prestá-las apoio. De início, poucas moças apareciam para conversar. Mas a sua simpatia aos poucos foi cativando outras mulheres, e logo mais, seu grupo já contava com mais de cinquenta participantes.
Assim surgiu o Meninas de Sinhá, coletivo que trabalha pelo empoderamento e autoestima das mulheres do Alto Vera Cruz. Com atividades de música e da dança, Dona Valdete e suas seguidoras ajudavam a retomar a alegria na vida destas mulheres, ao mesmo tempo que lhes dava forças para vencer o preconceito social e racial.
A influência de Dona Valdete se estendeu para além do Alto Vera Cruz e a transformou em uma das lideranças comunitárias mais influentes de Minas Gerais. Ela faleceu em 2014, mas seu legado da luta pelos direitos e pelo protagonismo das mulheres pretas se mantém até os dias atuais.
Em 2016, a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu homenageá-la com o Dia Municipal da Mulher Negra “Dona Valdete da Silva Cordeiro”. Ele seria celebrado todo 25 de julho, junto do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Enquanto isso, o Meninas de Sinhá segue firme e forte no movimento cultural de Minas Gerais, apoiando mulheres pretas em prol de seu protagonismo e independência.
E o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha? Como surgiu?
Em 1992, a cidade de Santo Domingo (República Dominicana) recebeu o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas. O objetivo do evento era fortalecer a união entre essas mulheres, além de debater e denunciar o racismo e machismo enfrentado por mulheres pretas em todo o mundo.
O encontro foi tão importante que, ainda em 1992, a ONU reconheceu o dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.